“Gatinhos. Quando era guri, cortava a cabeça deles com meu canivete. Depois, quando cresci, gatinhos não tinham mais graça.
Eu costumava me masturbar. Resistia à necessidade por semanas, até que a coisa ficava muito forte. Eu saía e comprava uma revista pornô, em outra cidade, onde ninguém me conhecia. Levava ela pro banheiro, me trancava e descascava uma. Aí eu me odiava e fazia a revista em pedaços.
A necessidade desaparecia por um tempo.
Eu não consegui superar isso. Todas as mulheres do mundo... Debaixo das roupas, cada uma estava nua.
Aí a coisa foi ficando mais violenta. Eu fantasiava muito. Ensaiava na minha mente. Mesmo na realidade. Passei a seguir mulheres com uma faca no bolso e um arame, só pra ter a sensação.
Acabei fazendo. A coisa mesmo. A necessidade cresceu demais e não houve outra maneira.
Eu sei que não é normal um homem sair e desmembrar uma mulher só porque quer transar com ela. Emocionalmente, eu não sei quanto tempo mais vou agüentar. Mas a necessidade cresce em mim. Eu tenho que transar. Quando termino, me satisfaço e corto a moça em pedaços. Como eu fazia com as revistas. Como fazia com os gatinhos.”
Isso eu já considero quase uma “complexidade psicológica”.
Trecho tirado da revista Sandman nº. 13, por Neil Gaiman.